POR QUE LULA É
INOCENTE?
Claudio Fonteles
A indagação é pertinente.
Pertinente porque o manejo do tema
corrupção para denegrir sua pessoa é avassalador nas chamadas redes sociais,
espaço recente e aberto a toda a sorte de manipulação das pessoas.
Enfrentando, então, a indagação, a
primeira linha de raciocínio conduz-nos ao exame do comportamento funcional do
juiz e do membro do Ministério Público, na área federal chamado procurador da
República.
Fundamental que aquela, ou aquele,
investidos da relevante missão de julgar as pessoas e os fatos, que cometem,
dotem-se, comprometam-se, nessa missão de extrema responsabilidade pessoal e
comunitária, mantendo-se fiéis àquilo que lhes é próprio: serem imparciais, vale dizer, dispam-se de qualquer subjetivismo
impregnado de emoções, de qualquer partidarismo, para que, harmônicos em
postura isenta, assim, consciente e motivadamente, bem decidam tudo o que lhes
é dado julgar,
Fundamental, outrossim, que aquela,
ou aquele, investidos da igualmente relevante missão de acusar alguém em juízo
pela prática de condutas delituosas contra o bem público, façam-no na exposição
objetiva e coerente dos fatos, sem estrelismos, sem encantos midiáticos.
Cada qual, juiz e procurador da
República, no âmbito de suas específicas atribuições.
Jamais dialogando um com o outro,
reservadamente, sobre a questão judicial posta e sobre a pessoa, objeto da
questão judicial posta.
O que se viu, o que é inconteste,
tendo, inclusive, a chancela de nossa Suprema Corte foi que o então juiz
federal Sergio Moro e o então procurador da República Deltan Dallagnol
entabularam, entre si, conversas várias sobre Luiz Inácio Lula da Silva no
decorrer do processo criminal que o último movera contra Luiz Inácio, e o
primeiro conduziu e julgou.
Eloquente a suspeição do juiz,
eloquente que o procurador da República, que deveria zelar pela correta
aplicação da lei, descumpriu com o princípio processual do contraditório, que
garante o pleno equilíbrio das partes no processo judicial.
O processamento criminal e a
condenação de Luiz Inácio Lula da Silva não se sustentam porque conduzido, e
decidido, por juiz suspeito.
Dir-se-á: mas as instâncias revisoras
dessa decisão, mantiveram-na. Então, ela vale.
Não.
Tal raciocínio é sofisma.
As instâncias revisoras, que o
processo percorreu, são, como disse, revisoras.
Elas se debruçam sobre o que foi
feito perante e sob a condução do juiz. Elas não produzem provas sobre os
fatos. Provas sobre os fatos são, unicamente, produzidas pelas partes ante o
juiz.
Ora, se esse juiz se conduz,
flagrantemente violando o impostergável atributo da imparcialidade, o que aconteceu
mesmo, então toda a sua direção processual e o que decidiu quedam nulo de pleno
direito e, se a nulidade é plena, não pode ser sanada em hipótese alguma.
Registro necessário: as condutas
supervenientes do juiz Sergio Moro, aceitando cargo de relevo na administração
do mais ferrenho opositor de Luiz Inácio Lula da Silva; lançando-se à disputa
eleitoral para o cargo de senador da República e, sob essa perspectiva,
notabilizando-se como ferrenho opositor a Luiz Inácio Lula da Silva são fatos
claros e óbvios a caracterizar, inequivocamente, sua parcialidade, confirmando o acerto da conclusão por sua suspeição.
Por outra perspectiva de abordagem do
tema aqui versado, é de se perguntar: quais fatos em relação a Luiz Inácio Lula
da Silva, e mesmo seus familiares, significam sinais ostensivos de riqueza?
Onde estão os imóveis comprados com
dinheiro vivo a indicar lavagem de dinheiro?
Onde estão carros, lanchas e jatos
particulares?
Onde estão fazendas?
Onde a prática da “rachadinha” quando
exerceu o mandato de deputado federal?
Lançar fake news a propósito, de nada vale.
Por que não se apresenta documentação
hábil a tudo isso provar?
Vou encerrar com palavras plenas de
sentido do Papa Francisco a propósito dos Movimentos Populares, escritas no
Capítulo V, que intitulou “A Melhor Política”, de sua Carta Encíclica “Fratelli
Tutti”:
“169.
É necessário pensar a participação social, política e econômica segundo
modalidades tais que incluam os movimentos populares e animem as estruturas de
governo locais, nacionais e internacionais com aquela torrente de energia moral
que nasce da integração dos excluídos na construção do destino comum e, por sua
vez, incentivar para que estes movimentos, estas experiências de solidariedade
que crescem debaixo, do subsolo do planeta, confluam, sejam mais coordenados,
se encontrem. Mas fazê-lo sem trair o seu estilo característico, porque são
semeadores de mudança, promotores de um processo para o qual convergem milhões
de pequenas e grandes ações interligadas de modo criativo, como em uma poesia.
Nesse sentido, são poetas sociais
que, à sua maneira, trabalham, propõem, promovem e libertam. Com eles, será
possível um desenvolvimento humano integral, que implica superar a ideia das
políticas sociais concebidas como uma política para os pobres, mas nunca
com os pobres, nunca dos pobres, e
muito menos inserida em um projeto que reúna os povos. Embora incomodem e mesmo
que alguns “pensadores” não saibam como classifica-los, é preciso ter a coragem
de reconhecer que sem eles a democracia atrofia-se num nominalismo, uma
formalidade, perde representatividade, vai-se desencarnando, porque deixa fora
o povo em sua luta diária pela dignidade, na construção de seu destino”. (Carta
Encíclica Fratelli Tutti nº 196 – pg. 90/91).
Voto em Luiz Inácio
Lula da Silva porque é a oportunidade real de sermos: poetas sociais.
Paz e Bem.
8 comentários:
Muito bom, Claudio. Abraço
Você é o cara, amigo! Cristalino. Um abraço do Marcelo (CNV)
Sempre tive admiração e respeito por você! Tudo agora caiu por terra, jamais imaginei que um homem que prega respeito a família, a fé, a pátria pudesse ser conivente com o comunismo! Decepção total!
Obs : não concordo com a postura do Papa Francisco quando defende o socialismo, em verdade o comunismo, que defende o aborto, a liberação das drogas, a destruição da família e nas escolas,ideologia de gêneros
Lamentável...
Quem diria!
Vergonhoso para quem se mostrava exemplo de Cristão e seguidor dos ensinamentos de São Francisco de Assis. É realmente LAMENTÁVEL!
Que Deus nos proteja desses comunistas infiltrados na nossa Igreja.
PAZ e BEM!
O PT governou este país por 14 anos . Nós tornamos comunistas ? NÃO ! Lula e mais família do que Bolsonaro .
Quando o Papa ou a Igreja defende o socialismo, não é o comunismo que está sendo alvo da defesa, porque "o socialismo é um sistema econômico e ideológico que procura alcançar a igualdade entre os membros da sociedade. Porquanto, "o comunismo, por outro lado, seria o resultado da implantação das ideias socialistas, onde o objetivo principal é a busca da igualdade entre os membros da sociedade. Assim, o governo, que estaria formado pela classe trabalhadora, seria o proprietário e teria o poder decisório em todos os assuntos." Quando a Igreja fala de igualdade , solidariedade diz que somos todos iguais perante Deus. Que é dever daqueles que possuem mais seja solidário com tem menos. E que haja um governo que lute com Justiça e para o bem comum.
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