quarta-feira, 3 de abril de 2013

FRANCISO


       Eu, como tantas e tantos, mulheres e homens das mais variadas gerações, experimentamos alegria, entusiasmo, sentimentos necessários a quem permanece no caminho, pela eleição do papa Francisco.
Certo é que a mídia, nacional e internacional, privilegiando o visual, compraz-se em fotografar e filmar atitudes, sem dúvida válidas, do Papa Francisco, pondo em relevo sua simpatia e simplicidade.
Considero, contudo, que é nosso dever conhecermos mais adequada, e profundamente, o Papa Francisco.
Importa, para isso, que leiamos e meditemos sobre suas alocuções.
Detenho-me, então, no que nosso Papa disse em sua primeira Audiência Geral, na Praça de São Pedro, na véspera das celebrações dos dias santos, na quarta-feira passada, dia 27.
“Viver a Semana Santa seguindo Jesus, quer dizer aprender a sair de nós mesmos para ir ao encontro dos outros, para ir para as periferias da existência, movermo-nos para os nossos irmãos e as nossas irmãs, sobretudo aqueles mais distantes, aqueles que são esquecidos, aqueles que têm mais necessidade de compreensão, de consolação, de ajuda. Há tanta necessidade de levar a presença viva de Jesus misericordioso e rico de amor”
Sim, necessitamos nos mover e abraçar os que estão “nas periferias da existência”.
Os que ali estão – nas periferias da existência – porque, marcados por dores profundas, refugiam-se no ceticismo ou no cinismo; na dilaceração da própria identidade, conduzindo-se, sob os mais variados matizes, produzidos ao sabor das conveniências do momento, à ilusão de travestir o efêmero em definitivo.
“Compreensão, consolação, ajuda” indica-nos o Papa Francisco.
Compreender para que não nos afastemos dessas irmãs e desses irmãos; consolar para que delas e deles sejamos os próximos; ajudar para que com elas e com eles partilhemos nossas vidas. Eis, para mim, a comunhão fraterna.
A comunhão eucarística se expressa na comunhão fraterna.
Viver a Semana Santa é entrar sempre mais  na lógica de  Deus, na lógica da Cruz, que não é, antes de tudo, aquela da dor e da morte, mas aquela da doação de si, que traz a vida. É entrar na lógica do Evangelho. Seguir, acompanhar  Cristo, permanecer com Ele exige um “sair”. Sair de si mesmo, de um modo cansado e rotineiro de viver a fé, da tentação de fechar-se nos próprios padrões, que terminam por fechar o horizonte da ação criativa de Deus.”
Tem plena razão o Papa Francisco no que acaba de nos dizer.
O êxodo, que não é fuga, mas encontro, porque saio de mim para o meu “outro eu”, que é o meu próximo ou, a melhor dizer, de quem eu me aproximei, de quem eu me tornei irmão, porque não está mais fora de mim, longe de mim, mas é, verdadeiramente, meu “outro eu”.
Jesus, olhando as multidões, não as manipulava com teatralidades, cenas de efeito ou arroubos demagógicos.
Costumeiramente, sentava-se – o que quer dizer: parava para, centrado nas pessoas, considerando-as em primazia, ensinava-as -; costumeiramente, caminhava – o que quer dizer: punha-se em missão, evitando a repetição insossa das fórmulas, das regras e dos ritos -.
Sentar e caminhar. Acolher e continuar.
Continue Papa Francisco, continuemos todos.

                                                     Paz e Bem.