É o compromisso assentado no Capítulo
de Avaliação de nossa Fraternidade de São Francisco de Assis.
Compromisso que decorre da gênese
mesma do ser franciscano, que bem se
pode reconhecer no por-se a caminho, ir “às
praças públicas” e testemunhar o Cristo ressuscitado pela pregação da
Palavra, sim, a todas e todos, sem distinção, mas igualmente pelo envolvimento
consciente e perseverante em ações, em missões concretas, de efetiva
fraternidade.
São Francisco nunca esperou, sentado:
“... e Francisco, ouvindo que os discípulos não deviam
possuir ouro, prata ou dinheiro, nem levar bolsa ou sacola, nem pão, nem bastão
pelo caminho, nem ter calçados ou duas túnicas, mas pregar o Reino de Deus e a
penitência, entusiasmou-se imediatamente no espírito de Deus. É isso que eu quero, isso que procuro, é
isso que eu desejo fazer com todas as fibras do coração.” (leia-se: Tomás
de Celano – Primeira Vida de São Francisco – nº 22).
O Papa
Francisco, no seu maravilhoso escrito “A Alegria do Evangelho”, justamente
abordando “as tentações dos agentes pastorais”, com toda pertinência ensina:
“Hoje, por exemplo, tornou-se muito
difícil nas paróquias conseguir catequistas que estejam preparados e perseverem
no seu dever por vários anos. Mas algo parecido acontece com os sacerdotes que
se preocupam obsessivamente com o seu tempo pessoal. Isto, muitas vezes,
fica-se a dever a que as pessoas sentem imperiosamente necessidade de preservar
os seus espaços de autonomia, como se uma tarefa de evangelização fosse um
veneno perigoso e não uma resposta alegre ao amor de Deus que nos convoca para a missão e nos torna
completos e fecundos. Alguns resistem a provar até ao fundo o gosto da missão e
acabam mergulhados em um desânimo paralisante.” (Evangelii Gaudium nº 81 –
pg. 69, grifei).
Eis
porque eu, Claudio, não posso ater-me às reuniões, ainda que de formação para
as irmãs e irmãos; de oração com as irmãs e os irmãos; e de convívio fraterno.
Assim, em reuniões, mantenho-me no
círculo fechado por mais gratificantes que essas reuniões possam ser.
Os
textos, escritos nos números 14 e 15 de nossa Regra, são claríssimos:
“14.
Chamados, juntamente com todos os homens de boa vontade, a construírem um mundo
mais fraterno e evangélico para a realização do Reino de Deus e conscientes de
que quem segue a Cristo, Homem perfeito, também se torna mais homem, assumam as
próprias responsabilidades com competência e em espírito cristão de serviço.
15. Estejam
presentes pelo testemunho da própria vida humana, bem como por iniciativas
corajosas, quer individuais, quer comunitárias, na promoção da justiça,
particularmente no âmbito da vida pública, comprometendo-se com opções
concretas e coerentes com sua fé.”
Somos chamados – o Amor, Deus, não é solidão
– porque Deus sempre nos chama para que Ele seja amado, concretamente, na construção de um mundo mais fraterno e
evangélico, e essa construção só acontece se assumirmos as próprias responsabilidades, vencendo o desânimo, o
cansaço, a velhice, porque deixamos que nos invada e nos motive o espírito cristão de serviço. Eis o “martyrio”, ou seja, o testemunho da própria vida, que não
nos imobiliza, não nos petrifica, mas nos impulsiona a iniciativas corajosas, para que promovamos a justiça em todos os âmbitos da vida pública.
Os
preceitos de nossa Regra – e aqui está tão grande sabedoria de São Francisco – jamais podem ser considerados como normas
impositivas, de coação, que nos obrigam como preceitos que estão fora de nós.
Nossa
Regra, como mesmo se apresenta no Capítulo II, que se constitui na sua
essência, é: “Forma de Vida”.
Portanto,
tenhamos todos nossa Regra e demais textos normativos, que se lhe agregam, jamais como imposição fria e abstrata
do que, fora de nós, repito, se nos sobrepõe, mas seja nossa Regra ensinamento que habita em nossos corações e,
assim, em nossos corações permaneça para que possamos dar frutos, formando “um grande povo”. (leia-se: Tomás de Celano
– Primeira Vida de São Francisco – nº 28)
Paz e Bem!
2 comentários:
Excelente. Este é o espírito que deve nortear o leigo franciscano.
Prezado Claudio,
Tenho acompanhado suas inteligentes e lúcidas mensagens.
Desejo a Você e seus familiares um Natal celebrado, não apenas com
a alegria e fartura dos presentes e da mesa mas, sobretudo, com a
lembrança de que é sempre um momento de celebrarmos a RENOVACÃO
dos ensinamentos Daquele a quem o Pai lhe confiou a missão
de nos ensinar o que é Amar ao Próximo, como a nós mesmos.
Abraço amigo. Na Paz.
Miécio
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