Muito bom de se ver a solidariedade
internacional para resgatar professor e seus alunos, impossibilitados de sair
de caverna, na Tailândia.
Melhor, ainda, o passo seguinte dado
pela quase totalidade deles: recolherem-se para meditar, para interiorizar,
para que aflore a espiritualidade em cada qual.
Melhor, ainda, esse comportamento
porque significa saber que a obra da salvação do grupo não se circunscreveu,
unicamente, ao engenho humano, por sua técnica, mas isso transcendeu e o que se
conseguiu, conseguiu-se com fé.
E a fé, essa palavra tão pequenina
que se perfaz em duas simples letras, é a certeza de que nós, mulheres e
homens, não nos bastamos a nós mesmos.
A fé é a resposta concreta posta no
sair de si, no reconhecimento de nossa minoridade, a resposta a nos
entregarmos, como o recém-nascido se entrega no regaço materno, ao Deus-Amor.
Em sua recente Exortação Apostólica
Gaudete et Exsultate sobre o chamado à santidade no mundo atual, o Papa
Francisco, com muita precisão, coloca:
“Ainda há cristãos que insistem em seguir outro caminho: o da
justificação pelas próprias forças, o da adoração da vontade humana e da
própria capacidade, que se traduz em uma
autocomplacência egocêntrica e elitista, desprovida do verdadeiro amor.
Manifesta-se em muitas atitudes aparentemente diferentes entre si: a obsessão pela lei, o fascínio de exibir
conquistas sociais e políticas, a ostentação no cuidado da liturgia, da
doutrina e do prestígio da Igreja, a vanglória ligada à gestão de assuntos
práticos, a atração pelas dinâmicas de autoajuda e realização autorreferencial.
É nisto que alguns cristãos gastam as suas energias e o seu tempo, em vez de se
deixarem guiar pelo Espírito no caminho do amor, apaixonarem-se por comunicar a
beleza e a alegria do Evangelho e procurarem os afastados nessas imensas
multidões sedentas de Cristo”. (Gaudete
et Exsultate nº 57 – pg.33).
A vontade humana passa a
ser a senhora de tudo que diga respeito à mulher e ao homem.
Descortina-se, agora,
cenário outro.
Na absolutização do eu e
na vulgaridade sedutora da expressão do belo, limitada à superabundância
carnal, repetem-se notícias a envolver procedimentos cirúrgicos, que redundam
em morte de pacientes. Profissional da medicina há, que não se opõe, antes
aprecia, porque não repudia o tratamento midiático, que lhe é dado, ser chamado
de: “Dr. Bum-Bum.
Nessa espiral da
coisificação da mulher e do homem, a autorreferência conduz-nos à acédia, à
rotina, à violência contra si mesmo e contra os outros. A insensibilidade reina.
Torno ao Papa Francisco:
“Por outras palavras, no meio da densa selva de preceitos e
prescrições, Jesus abre uma brecha que permite vislumbrar dois rostos: o do Pai
e o do irmão. Não nos dá mais duas fórmulas ou dois preceitos; entrega-nos dois
rostos, ou melhor, um só: o de Deus, que
se reflete em muitos, porque em cada irmão, especialmente no mais pequeno,
frágil, inerme e necessitado, está presente a própria imagem de Deus. De fato,
será com os descartados desta humanidade vulnerável que, no fim dos tempos, o
Senhor plasmará a sua última obra de arte”. (Gaudete et Exsultate nº 61 – pg. 34/35).
Nesse julho, que se finda, findou a Copa do Mundo de futebol.
Esqueçamos a estrutura
corrupta da “cartolagem”, ou seja,
dos impávidos administradores do futebol nacional e mundial, e o terceiro
cenário mostra-nos a “seleção” brasileira de futebol.
Tudo converge para um
homem de 26 anos, tratado como criança por sua família, seu “staff”, e por
grande parte da mídia esportiva, supervalorizando-o.
Temos um boneco que é
fonte de vultosas rendas para todo o esquema, que o manipula. Então, o boneco
atirou-se ao chão, tantas e tantas vezes, rodopiou, simulou.
Sem quem o orientasse,
sequer “à beira do campo”, sucumbiu
e a dita “seleção” sucumbiu junto.
Torno, e
conclusivamente, ao Papa Francisco:
“Sem a sapiência do discernimento, podemos facilmente transformar-nos em marionetes à mercê das tendências
da ocasião. (Gaudete et Exsultate nº
167 – pg. 79).
Um comentário:
Maravilhoso artigo! Como sempre! !!
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