“Eu disse que, independentemente
disso, ela ia ser feliz.”
Dois burocratas da
Organização das Nações Unidas, a ONU, valendo-se do estrépito midiático, e a
pretexto de se posicionarem sobre os casos de microcefalia, bradam pela
eliminação dos fetos, em tal situação, conclamando países a que franqueiem as
práticas abortivas.
É estarrecedor o nível
de insensibilidade e de irresponsabilidade atingido em tal proceder.
Cientistas do mundo
todo, debruçados ainda estão à busca da melhor compreensão desse fenômeno e
esses arautos – que ironia, incrustados nos serviços de promoção dos direitos
humanos da mencionada organização internacional - já sentenciam o que se há de
fazer: matar as vidas humanas presentes em gestação.
Como sempre se escapa
para o que se faz “up to date”, “politicamente correto”, sob o frívolo
argumento de que somos “atrasados” ao não adotarmos essa solução, e assim fica
obscurecida, e esquecida, primeira e necessária crítica aos governantes.
Com efeito, a
proliferação do mosquito “aedes” está na razão direta da indesculpável
negligência desses governantes em priorizar os temas de educação e saúde, só
usados demagogicamente nas proximidades dos pleitos eleitorais, centrando as
políticas de governos em faraônicas obras, expressão eloquente do nefasto
conluio empreiteiros-governantes, de que se faz exemplo notório o nosso Brasil,
sob a batuta glacial do sistema econômico-financeiro, que tudo quantifica, que
tudo reduz a números, inclusive nossas próprias vidas, que não mais têm valor
em si, mas que unicamente valem pelo que podem, materialmente, produzir.
Nesse quadro encaixa-se,
perfeitamente, o simplismo na decisão dos burocratas da ONU.
Hoje, tudo se faz
rápido: como eu quero, quando eu quero, onde eu quero. Nada, nem ninguém, me
ouse estorvar.
“O médico disse que minha filha não ia andar, sorrir, falar.
Eu disse que, independentemente disso, ela ia ser feliz.”
Gilcinea Rangel Pecenti,
mulher e mãe, não desistiu de Luana quando, no 7º mês de gravidez, ao
diagnóstico de microcefalia somou-se a identificação de paralisia cerebral.
Luana é hoje adolescente
de 16 anos. Vale a pena ler a reportagem publicada pelo jornal “O Globo”, do
domingo passado, dia 7, na página 3, e encantar-se com o gesto e sorriso largos
– “o médico disse que ela não sorriria” – de Luana e a tão intensa alegria de
sua mãe Gilcinea.
Agora, e a partir dessa
matéria jornalística, outra constatação: acovardam-se governantes que, diante
dessas situações, não ordenam à área de saúde, que comandam, imediatas e
eficazes medidas de acesso a medicação e tratamento gratuito a todas essas
vidas quer no momento intra-uterino, quer extra-uterino. Dinheiro há, sim, e de
sobra. Basta que não escorram, diuturnamente, pelos lava-jatos, mensalões dos
dias de hoje e cartas circulares – CC nº 5- ( escândalo do BANESTADO) do
passado, e tantas e tantas outras situações, nesse festival ininterrupto da
nefasta corrupção.
O jornal “O Estado de
São Paulo”, anteontem, segunda-feira, dia 8, na editoria de saúde destacou que
“a evolução de crianças com microcefalia depende de repetição e paciência.”
Sintetiza, com objetividade, que:
“O caminho não é fácil, e ninguém diz que é, mas para quem
tem a sorte de receber o tratamento e os incentivos adequados desde o
nascimento, a vida com microcefalia pode ser longa, saudável e, por que não,
feliz”.
Lamentavelmente vive-se
o tempo da absolutização da estética e do menosprezo da ética.
Encerro com palavras
plenas de sentido do Papa Francisco, escritas em sua tão valiosa Carta
Encíclica “Laudato Si sobre o cuidado da casa comum”:
“Quando, na própria realidade, não de reconhece a importância de um pobre, de um embrião humano, de
uma pessoa com deficiência – só para dar alguns exemplos – dificilmente se
saberá escutar os gritos da própria natureza. Tudo está interligado. Se o ser humano se declara autônomo da
realidade e se constitui dominador absoluto, desmorona-se a própria base de sua
existência, porque em vez de realizar o seu papel de colaborador de Deus na
obra da criação, o homem substitui-se a Deus, e deste modo acaba por provocar a
revolta da natureza.
118.Esta situação leva-nos a uma esquizofrenia permanente,
que se estende na exaltação tecnocrática, que não reconhece nos outros seres um
valor próprio, até à reação de negar qualquer valor peculiar ao ser humano.” (
leia-se: Carta Encíclica Laudato Si nº 117/118 – pg. 96/97 ).
Um comentário:
Olá caro senhor:
Tenho visto acusações contra o promotor Carlos Fernando dos Santos Lima. Amaury Jr. da Isto É, o acusou de sabotar as investigações no caso Banestado. O manual da força tarefa diz que o senhor esclareceu tudo com a imprensa, e que o procurador é inocente. O Amauru estava errado? O sr. poderia comentar o assunto?
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