segunda-feira, 8 de agosto de 2011

A Luz não se extingue

                                                   A Luz não se extingue




         Dedico-me a ler, presentemente, “Luz do Mundo – o Papa, a Igreja e os sinais dos tempos”, livro que, como está mesmo posto no seu subtítulo, faz-se em conversa do Papa Bento XVI com o jornalista Peter Seewald.

         Diante dos olhos, esse texto que me deteve em reflexões:

“O homem recai sempre para aquém da fé, torna-se pagão, na acepção mais profunda do termo, toda vez que deseja voltar a ser unicamente ele próprio. E, no entanto, sempre se manifesta de novo a presença divina no homem. Esta é a luta que atravessa a história. Como diz Santo Agostinho: a história do mundo é a luta entre dois tipos de amor. O amor por si, levado até à destruição do mundo, e o amor pelo próximo, levado até à renúncia de si. Essa luta, que sempre se pode constatar, está acontecendo também hoje.”
( pg. 81 ).

         Prestes a iniciar o percurso de meus 65 anos de vida, e certamente já vivenciando a novidade de ciclo existencial não mais reconhecido na afirmação profissional a que fui, racionalmente, preparado, porque já cumprido – é o que se denomina de aposentadoria – alegro-me e sorrio tão agradavelmente comigo mesmo porque consegui romper com o centralismo do meu próprio eu, do meu eu em si mesmo e, desfazendo-me de minha carreira, que valeu a pena ter sido trilhada no momento em que o foi, deixei-me conduzir por outros caminhos, que agora percorro, nos quais o tempo não é medido linear e quantitativamente, mas é urdido em pausas tantas de convívio, recolhimento, doação e fraternidade.

         Sinto, fortemente, em mim, o ensinamento de São Paulo aos gálatas, quando Jesus afirma: “Foi para a liberdade que eu vos fiz livres” ( Gl , 1 ).

         A liberdade do mundo não liberta, mas escraviza, porque superexaltando o nosso ego tudo faz gravitar, tudo reduz, ao nosso eu, inflado de paixões e desvarios: violentamos, corrompemos e somos corrompidos, mentimos, inebriados na ilusão do poder humano absoluto e invencível.

         A liberdade cristã prepara-nos, ensinando-nos pelas palavras e atitudes de Jesus, para o dom de si ao outro; para o abrir-se e envolver-se também com os assuntos pertinentes ao viver em sociedade para que a edifiquemos justa e solidária; para o estar no mundo, sem ser do mundo, ou seja, faz-nos transcender ( = movimentar-se para o alto ), porque a transcendência é, em nós, sinal eloqüente da filiação divina.

        
         “Voltando a ser unicamente ele próprio”, para relembrarmos as palavras de Bento XVI transcritas no início deste artigo, o ser humano despe-se do seu ethos espiritual e, literalmente, decai ainda que, obstinada e avidamente, busque, por todas as formas, mascarar essa decadência.

         Eis porque tanta escuridão no mundo, mas, e por mais assustadora que seja, insuficiente é a escuridão para impedir que a Luz se extinga desde que abramos nosso ser para recebê-la e irradiá-la, assim vivendo a verdadeira liberdade.


        
                   
     

5 comentários:

Flávia Fonteles disse...

É papi, você foi um dos poucos "poderosos" que não se prendeu ao poder, aliás, você nunca ficou preso porque jamais foi escravo. Lembro-me dos seus primeiros feitos como PGR, quando mandou derrubar um muro que ligava o elevador funcional ao seu gabinete particular, assim você podia ficar perto de seus colegas e dos funcionários da Procuradoria. Orgulho, sua filhota sente muito orgulho de você!
Que bom ter um pai assim. Beijos, Flávia.

ana neto irmã oblata do menino Jesus disse...

Que bom saber que em meio a pessoas ilustres ha alguém que ainda vive a moral e a fé que recebeu dos seus antepassados
Continue defendendo a verdade!

RW - Roberto Wagner L. Nogueira disse...

Eh,.Flávia, seu pai é motivo de orgulho para nós brasileiros...que bom!

RW - Roberto Wagner L. Nogueira disse...

Eh,.Flávia, seu pai é motivo de orgulho para nós brasileiros...que bom!

Anônimo disse...

Quando deus se "manifesta em pessoa"
Na terra é esperado como luz do mundo assim então ser um deus pessoal.
Um ser de luz é aquele que nasce da luz
trás a luz com ele,trascendentalmete, dificil de explicar,algo que não se pode ver nem tocar só sentir...
É o transcendental,só que o mestre se pode ver e tocar, mas a transcendência
Que vai incorporar ao devoto é cósmica.
E é preciso se desbloquear do irreal,
parece que é real e não é, o que um verdadeiro mestre faz,expande sua luz, seu amor,sua personalidade a quem se aproxima dele,"principalmente em vida"
Porque o verdadeiro mestre é quem leva
uma pessoa comum em direção a salvação
Salvar se de si mesmo,soa estranho...
Se alguém vive em ilusão o mestre, põe
o devoto em sua realidade suprema.
E o devoto passa a ser como seu mestre
em compaixão e luz a cada segundo.

Pedro Lord.