sexta-feira, 29 de abril de 2011

JOÃO PAULO II

    Não me atrevo a falar de João Paulo II. É missão muito além para o que estou capacitado

        Falo, sim, do seu significado para a minha vida de cristão.

         Colho de João Paulo II dois ensinamentos, que os tenho como guias perenes.

         O primeiro, suas próprias palavras, síntese verdadeira de todo o seu agir pontifício, ditas quando justamente inaugurava, a partir de Roma, sua missão: “não tenham medo”.

         Verdadeiramente, o medo nos aprisiona em nós mesmos; fecha-nos num circuito introspectivo da falsa segurança.

         João Paulo II pôs-se a caminho, peregrinou incessantemente, mostrou-se ao mundo, a todos nós, como aquele que acolhe e ensina.

         Jesus é o acolhimento e o ensinamento.

         Isso está tão claro no chamado “discurso de despedida” de Jesus para seus apóstolos, como S. João narra-nos em seu Evangelho, no capítulo 16, versículo 33:

“Eu vos disse estas coisas para que em mim, tenhais a paz. No mundo tereis aflições. Mas tende coragem! Eu venci o mundo”.
( grifei ).

         Aí está: o ensinamento de Jesus é para que o conheçamos, intimamente, pronto que está, sempre, a nos acolher, e assim vivenciamos a paz: “... para que em mim, tenhais a paz”.

         Tudo porque o mundo, ou no mundo, não é, ou não está, a solução definitiva do nosso existir. Portanto, não há o que temer quando não centramos nossa vida, no mundo.

         O “tende coragem! Eu venci o mundo”, ou para dizermos com João Paulo II – “não tenham medo” – significa que se damos total adesão e, então, agimos na conformidade do Evangelho de Jesus, força alguma material pode nos deter e o nosso testemunho é invencível, como o é o de João Paulo II para todos nós católicos.

         O segundo ensinamento de João Paulo II atinge em cheio os tempos atuais como reflexo da modernidade iluminista, tanto que hoje já se fala da pós-modernidade. Todavia, tanto a modernidade, como a pós-modernidade, ambas apresentam fundamento comum: o absoluto da razão humana, que tudo pode; é ilimitada.

         Isso deita raízes no ensinamento de René Descartes ao enunciar o seu célebre: “cogito, ergo sum” ( = penso, logo existo ).

         Portanto, a existência atrela-se, faz-se subserviente da razão, do pensar da mulher e do homem. Deus não conta, não é necessário porque à mulher e ao homem basta a sua produção racional.

         João Paulo II, baseando-se em São Tomás de Aquino, ensina-nos o contrário: “porque existo, penso”.

         E o existir, mesmo por sua provisoriedade e “aflições”, conduz-nos a Deus.

         Sim, o deixar-se atrair por Deus, em Jesus Cristo, sob o sopro permanente do Espírito Santo, faz-nos vencer o mundo, ou seja, nele estar, nele atuar, mas além dele ir, para poder modificá-lo.

         Ou como magnificamente diz João Paulo II:

“Com efeito, o fato de querer sufocar a voz de Deus é bastante programado: muitos fazem de tudo para que não se ouça a Sua voz, e seja ouvida somente a voz do homem, que não tem nada a oferecer além da realidade terrena. E por vezes essa oferta traz consigo a destruição em proporções cósmicas. Não é essa a história trágica do nosso século?
 ( leia-se: Messori, Vitório – “Cruzando o limiar da esperança” – editora Francisco Alves, pag. 131 ).               
      

                  

                 

2 comentários:

Anônimo disse...

Meu querido amigo,
Belo artigo sobre um grande santo de nosso tempo.
Muito bom (como sempre!)
Um abraço do
George Zarur

Adriane Henriques disse...

João Paulo II não teve medo de dizer as verdades da Igreja. Peregrinou, sorriu, acolheu, mas permaneceu firme à Verdade. Não teve medo de expor sua fragilidade física, sua doença. Confiou e seguiu em frente com a trindade e Maria até o último suspiro. Que interceda por nós para que saibamos seguir os passos do Senhor, carregando com alegria e fé a cruz que nos tiver sido dada!