segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

FELIZ NATAL


                                          

“Se eu pudesse, à noite, no caminho das pessoas desanimadas, pessimistas, amargas, revoltadas contra tudo e contra todos, arranjaria rodas de criança brincando e cantando...”.
Assim escreveu Dom Helder Câmara no livro: “Um olhar sobre a cidade”.
Brincar é simplesmente sair dos esquemas preordenados, sair dos sistemas enclausurados, sair e deixar-se surpreender pelo que não está previsto e posto, tornando a vida a arte de criar o inconcebível. Cantar é simplesmente expandir-se, ir além do discurso rotineiro, insípido, monótono, tornando a vida a arte de criar o inimaginável.
“Se eu pudesse, na hora mais dura do enterro, quando o caixão é colocado terra adentro, eu faria com que voasse sobre a cabeça dos presentes um bando de passarinhos, lembrando a Ressureição”. (ainda Dom Helder).
Lembrar a Ressureição é por de lado o desmesurado  poder; o desmesurado prazer, o desmesurado possuir e simplesmente assumir-se como a finita criatura, que não se basta a si mesma, mas necessita, para viver, conviver no abrir-se aos demais e ser continuamente fraterno; no inserir-se ecologicamente e ser atentamente cuidadoso; no elevar-se a Deus e ser humildemente eterno.
“Se eu pudesse na caminhada de quem enfrentasse estradas sem fim, sem luz, sem companhia, faria surgir vaga-lumes alumiando o caminho...” (prossegue Dom Helder).
Alumiar o caminho é discernir, é buscar, incessante e conscientemente, jamais ao sabor da mera informação rápida, interesseira, volúvel, destrutiva, é, então, buscar o que é essencial, que se encontra na leitura enriquecedora, no diálogo franco e fundamentado, enfim: alumiar é educar.
“Se eu pudesse, daria ao arco-íris a força mágica de desfazer ódios, intrigas, divisões, de modo que ele valesse, de fato, como sinal de entendimento, de amizade e de paz...” (encerra Dom Helder).
O arco-íris é, justamente, arco porque abarca tudo, desde seu ponto de partida a seu ponto de chegada sem qualquer tipo de exclusão; é íris porque traz as cores do espectro solar em perfeita harmonia e no seu movimento de ascender e descender encerra a comunhão plena do homem, que ascende para o Deus, que descende ao homem.
A expressão mais nítida do Deus-Amor no desejo Seu dessa total comunhão vamos, todas e todos, celebrar no dia 25 de dezembro:

                                                     Feliz Natal!