terça-feira, 30 de junho de 2020

O PAPA FRANCISCO E AS COMUNICAÇÕES SOCIAIS ( I )




Plena de ensinamentos é a Mensagem do Papa Francisco para  54º Dia Mundial das Comunicações Sociais.

Vou me permitir abordá-la, destacadamente, valendo-me da sua apresentação e dos cinco ( 5 ) tópicos em que ela se consubstancia.

Hoje, portanto, aprecio sua apresentação.

Assim se põe a apresentação do Papa Francisco nessa Mensagem:

“Desejo dedicar a Mensagem deste ano ao tema da narração, pois, para não nos perdermos, penso que precisamos respirar a verdade das histórias boas: histórias que edifiquem, e não as que destruam, histórias que ajudem a reencontrar as raízes e a força para prosseguirmos juntos. Na confusão das vozes e mensagens que nos rodeiam, temos necessidade duma narração humana, que nos fale de nós mesmos e da beleza que nos habita; uma narração que saiba olhar o mundo e os acontecimentos com ternura, conte a nossa participação num tecido vivo, revele o entrançado dos fios pelos quais estamos ligados uns aos outros”,
Sim, “a verdade das histórias”.

E “a verdade das histórias” vamos reconhecer nos nossos atos cotidianos, “que edifiquem”.

Tudo o que edifica torna-se perene, mas o mundo, hoje, rejeita tudo quanto eterniza, por isso rejeita Deus.

Recordo-me, a propósito, de palavras tão sábias, postas na Constituição Pastoral Gaudium et Spes, que expressa o significado do Concílio Vaticano II sobre a relação Igreja-Mundo, assim transcritas no Compêndio da Doutrina Social da Igreja:

“Porém, se pelas palavras autonomia das realidades temporais se entende que as coisas criadas não dependem de Deus, e o homem as pode usar sem referência ao Criador, todo aquele que admite Deus percebe o quanto sejam falsas tais máximas. Na verdade, sem o Criador, a criatura esvai-se”. (CDSI nº 46 – pg. 38, grifos do original).
A verdade é o contínuo “reencontro com nossas raízes”.
Sim, somos seres em dinamismo, em continuação.
A construção da história de cada qual, por óbvio, não se perfaz na inércia, na passividade, na omissão.

Dia após dia, nos movemos e, assim, necessitamos adentrar em nós mesmos para conhecermos as nossas raízes e, conhecendo as nossas raízes, fazer brotar em nós a verdade.

Conhecendo nossas raízes, conhecendo a nós mesmos, é certo que “a confusão das vozes e mensagens que nos rodeiam” não nos abafam, não nos tornam caniços ao vento, indo de um lado para o outro, manipulados, marionetes encantadas pelo barulho alucinante.

Conhecendo a nós mesmos, neste mergulho podemos bem descobrir “a beleza que nos habita” porque filhos somos do Deus-Amor e, assim, vocacionados somos ao amor.

Eis porque há de acontecer, então, “a narração que saiba olhar o mundo e os acontecimentos com ternura”.

Somos seres relacionais como a necessária decorrência de nossa vocação ao amor.

Mais uma vez o ensinamento do Compêndio da Doutrina Social da Igreja:

“34. A revelação em Cristo do mistério de Deus como Amor trinitário é também a revelação da vocação da pessoa humana ao amor. Tal revelação ilumina a dignidade e a liberdade pessoal do homem e da mulher, bem como a intrínseca sociabilidade humana em toda a profundidade. Ser pessoa à imagem e semelhança de Deus comporta...um existir em relação, em referência ao outro eu, porque Deus mesmo, uno e trino, é comunhão do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. (CDSI nº 34 – pg.33, grifos do original).
O outro não está fora de mim.
O outro é meu “outro eu”, por isso que com ele me envolvo, não passo ao largo, ou fora de sua existência. Detenho-me; contemplo-o; acolho-o; ajudo-o.

Forma-se, portanto, “a participação num tecido vivo” da existência, que não é isolada, conflitada, segregada, mas que “revela o entrançado dos fios pelos quais estamos ligados uns aos outros”.

A pandemia, que nos assola, propicia esta reflexão, posta em questionamento: seremos capazes de narrar – construtores que sempre somos – “histórias boas, que edifiquem, e não destruam; histórias que nos ajudam a reencontrar as raízes e a força para prosseguirmos juntos?