quarta-feira, 22 de agosto de 2018

ELEIÇÕES


Algumas pessoas pedem-me expresse meu posicionamento sobre o tema: eleições.
De plano, é fundamental que eleições aconteçam. Elas propiciam o necessário conhecimento sobre a personalidade, o compromisso, enfim o modo de ser, pessoal e comunitário, de quem se candidata, apesar das imperfeições do processo eleitoral, traduzidas, dentre outras, no excessivo número de partidos – bastar-nos-iam 3 ( três ) agremiações partidárias: uma à esquerda; outra à direita e outra ao centro – excessivo número que impede a distribuição equitativa do tempo destinado à propaganda eleitoral e ao recebimento de valores monetários destinados ao fundo partidário. Urge a adoção de cláusula de barreira, portanto.
Eleições ensejam o debate.
É certo que o debate muitas das vezes apequena-se, faz-se medíocre e superficial, até cômico, mas que as pessoas sempre possam se expressar, e jamais sejam caladas. Que aqueles que defendem soluções autoritárias, ditatoriais, do pensamento uniforme, venham a público e insiram-se no respeito à divergência. Aprendam que é no incessante dialogar que os gestos tresloucados da violência vão, paulatinamente, definhando até que se minimizem.
O Brasil, hoje e sempre, quer valores humanistas. Valores humanistas assentam-se na dignidade da pessoa. A dignidade da pessoa põe-se no abolir qualquer discriminação. Que não se discrimine o feto, o recém- nascido, a criança, o jovem, o adulto e o idoso. Que a mulher esteja, plenamente, lado a lado com o homem. Desapareça qualquer laivo de inferioridade na relação mulher e homem no plano pessoal, no plano familiar e no plano social. Que ninguém, ninguém mesmo, seja motivo de escárnio, ódio e perseguição, por sua escolha no modo de ser e viver.
Que o acesso aos bens materiais, intelectuais e culturais a todas e a todos se possibilite e, assim, cada uma e cada um tenha, porque aptas e aptos foi-lhes franqueada, a oportunidade do integral crescimento nas dimensões acima colocadas. Eis o sentido perfeito do que seja educação. Educar é fazer extrair, ou seja, o educando não é marionete. É educado justamente para que construa sua história, pessoal e coletivamente, assumindo decisões conscientes, livres e fundamentais porque calcadas nos valores maiores de competência, honestidade e seriedade voltados ao bem comum.
O povo, circunscrito ao vício da mera e rápida informação, não é povo; é bando amorfo, objeto de contínua manipulação.
Os valores humanistas, de que estou a tratar, repudiam o corrupto e a corrupção.
O Papa Francisco, acertada e precisamente, diz:
“É justamente esse triunfalismo, nascido de sentir-se medida de todo juízo, que lhe dá a vaidade para rebaixar os outros à sua medida triunfal. Explico: em um ambiente de corrupção, uma pessoa corrupta não deixa crescer em liberdade. O corrupto não conhece a fraternidade ou a amizade, só a cumplicidade. Para ele, não vale nem o amor aos inimigos nem a distinção que está na base da antiga lei: ou amigo ou inimigo. Move-se nos parâmetros de cúmplice ou inimigo. Por exemplo, quando um corrupto está no exercício do poder, implica sempre os outros em sua própria corrupção, rebaixa-os à sua medida e os faz cúmplices de sua opção de estilo. E isso em um ambiente que se impõe por si mesmo em seu estilo de vitória, ambiente triunfalista, de pão e circo, com aparência de senso comum no juízo das coisas e de sentido de viabilidade nas opções variadas. Porque a corrupção implica esse ser medida, por isso toda corrupção é proselitista”. ( leia-se: Corrupção e pecado: algumas reflexões a respeito da corrupção – pg. 32/33, grifos do original).
E, definitivo, acentua:
A corrupção não é um ato, e sim um estado, estado pessoal e social, no qual a pessoa se acostuma a viver. Os valores ( ou desvalores ) da corrupção são integrados a uma verdadeira cultura, com capacidade doutrinal, linguagem própria, modo de proceder peculiar. É uma cultura de pigmeização, que insiste em convocar adeptos para rebaixá-los ao mesmo nível da cumplicidade admitida e corrupta. Essa cultura tem um dinamismo duplo: de aparência e de realidade, de imanência e de transcendência. A aparência não é o surgir da realidade por veracidade, e sim a elaboração dessa realidade, para que vá se impondo em uma aceitação social o mais geral possível. É uma cultura do diminuir: diminui-se realidade em prol da aparência. A transcendência vai ficando cada vez mais aquém, é quase imanência, ou no máximo uma transcendência de botequim. O ser já não é custodiado, e sim maltratado por uma espécie de desfaçatez pudica. Na cultura da corrupção, há muito de desfaçatez, embora aparentemente o admitido no ambiente corrupto esteja fixado em normas severas de cunho vitoriano. Como disse, é o culto aos bons modos que encobrem os maus costumes. E essa cultura se impõe no laissez-faire do triunfalismo cotidiano”. ( livro citado – pg. 39/40, grifos do original e meus).
As eleições, que chegam, bem podem servir para que, concretamente, iniciemos processo de renovação política em nosso Brasil.
É, portanto, indispensável que priorizemos novas pessoas.
Que não queiram profissionalizar-se como políticos; que não queiram transformar a política em espaço ocupado por familiares; e que repudiem a adoção das nefastas práticas do compadrio e do nepotismo.
Novas pessoas que, com propostas objetivas e claras, afastem-se das promessas mirabolantes e vazias, meros artifícios sedutores na captação de votos.
Antes de votar, que conheçamos a história de vida da candidata e do candidato.
É o que me ponho a fazer, presentemente.
E para não ficar restrito aos parâmetros, que neste artigo apresento, como disse escrito por sugestão advinda de leitoras e leitores, mas posicionando-me, desde já, por pessoa que considero preenche os requisitos que expus, submeto à consideração e à análise de todas e de todos, o nome do Professor Marcelo Neves, candidato à vaga de Senador pelo Distrito Federal.

                                        Paz e Bem.