domingo, 29 de julho de 2018

CENÁRIOS


                                                         
Muito bom de se ver a solidariedade internacional para resgatar professor e seus alunos, impossibilitados de sair de caverna, na Tailândia.
Melhor, ainda, o passo seguinte dado pela quase totalidade deles: recolherem-se para meditar, para interiorizar, para que aflore a espiritualidade em cada qual.
Melhor, ainda, esse comportamento porque significa saber que a obra da salvação do grupo não se circunscreveu, unicamente, ao engenho humano, por sua técnica, mas isso transcendeu e o que se conseguiu, conseguiu-se com fé.
E a fé, essa palavra tão pequenina que se perfaz em duas simples letras, é a certeza de que nós, mulheres e homens, não nos bastamos a nós mesmos.
A fé é a resposta concreta posta no sair de si, no reconhecimento de nossa minoridade, a resposta a nos entregarmos, como o recém-nascido se entrega no regaço materno, ao Deus-Amor.
Em sua recente Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate sobre o chamado à santidade no mundo atual, o Papa Francisco, com muita precisão, coloca:
“Ainda há cristãos que insistem em seguir outro caminho: o da justificação pelas próprias forças, o da adoração da vontade humana e da própria capacidade, que se traduz em uma autocomplacência egocêntrica e elitista, desprovida do verdadeiro amor. Manifesta-se em muitas atitudes aparentemente diferentes entre si: a obsessão pela lei, o fascínio de exibir conquistas sociais e políticas, a ostentação no cuidado da liturgia, da doutrina e do prestígio da Igreja, a vanglória ligada à gestão de assuntos práticos, a atração pelas dinâmicas de autoajuda e realização autorreferencial. É nisto que alguns cristãos gastam as suas energias e o seu tempo, em vez de se deixarem guiar pelo Espírito no caminho do amor, apaixonarem-se por comunicar a beleza e a alegria do Evangelho e procurarem os afastados nessas imensas multidões sedentas de Cristo”. (Gaudete et Exsultate nº 57 – pg.33).
A vontade humana passa a ser a senhora de tudo que diga respeito à mulher e ao homem.
Descortina-se, agora, cenário outro.
Na absolutização do eu e na vulgaridade sedutora da expressão do belo, limitada à superabundância carnal, repetem-se notícias a envolver procedimentos cirúrgicos, que redundam em morte de pacientes. Profissional da medicina há, que não se opõe, antes aprecia, porque não repudia o tratamento midiático, que lhe é dado, ser chamado de: “Dr. Bum-Bum.
Nessa espiral da coisificação da mulher e do homem, a autorreferência conduz-nos à acédia, à rotina, à violência contra si mesmo e contra os outros. A insensibilidade reina.
Torno ao Papa Francisco:
“Por outras palavras, no meio da densa selva de preceitos e prescrições, Jesus abre uma brecha que permite vislumbrar dois rostos: o do Pai e o do irmão. Não nos dá mais duas fórmulas ou dois preceitos; entrega-nos dois rostos, ou melhor, um só: o de Deus, que se reflete em muitos, porque em cada irmão, especialmente no mais pequeno, frágil, inerme e necessitado, está presente a própria imagem de Deus. De fato, será com os descartados desta humanidade vulnerável que, no fim dos tempos, o Senhor plasmará a sua última obra de arte”. (Gaudete et Exsultate nº 61 – pg. 34/35).
Nesse julho, que se finda, findou a Copa do Mundo de futebol.
Esqueçamos a estrutura corrupta da “cartolagem”, ou seja, dos impávidos administradores do futebol nacional e mundial, e o terceiro cenário mostra-nos a “seleção” brasileira de futebol.
Tudo converge para um homem de 26 anos, tratado como criança por sua família, seu “staff”, e por grande parte da mídia esportiva, supervalorizando-o.
Temos um boneco que é fonte de vultosas rendas para todo o esquema, que o manipula. Então, o boneco atirou-se ao chão, tantas e tantas vezes, rodopiou, simulou.
Sem quem o orientasse, sequer “à beira do campo”, sucumbiu e a dita “seleção” sucumbiu junto.
Torno, e conclusivamente, ao Papa Francisco:
“Sem a sapiência do discernimento, podemos facilmente transformar-nos em marionetes à mercê das tendências da ocasião. (Gaudete et Exsultate nº 167 – pg. 79).