Continuando nossa reflexão sobre essa
Mensagem, o tópico 1, apresentado em 3 parágrafos, tem por título: “Tecer
histórias”. São palavras do Papa Francisco, a propósito:
“O homem é um ente narrador. Desde pequenos, temos fome de
histórias, como temos de alimento. Sejam elas em forma de fábula, romance,
filme, canção ou simples notícia influenciam a nossa vida, mesmo sem termos
consciência disso. Muitas vezes decidimos aquilo que é justo ou errado com base
nos personagens e histórias assimiladas. As narrativas marcam-nos, plasmam as
nossas convicções e comportamentos, podem ajudar-nos a compreender e dizer quem
somos
O homem não só é o único ser que precisa de vestuário para
cobrir a própria vulnerabilidade ( cf. Gn 3, 21 ), mas também o único que tem
necessidade de narrar-se a si mesmo, revestir-se de histórias para guardar a
própria vida... Mergulhando dentro das histórias, podemos voltar a encontrar razões
heróicas para enfrentar os desafios da vida.
O homem é um ente narrador porque em devir: descobre-se e
enriquece-se com as tramas dos seus dias...”
Somos o “ente narrador”.
Ser o “ente narrador”
tem por subjacente que o aprendizado-conhecimento faz-se vital para nós. Não
estamos predestinados a coisa alguma. Nosso destino não está traçado desde
quando concebidos.
O acontecer na sucessão
dos dias, previsível ou imprevisível, abre-nos sempre o espaço para a decisão
que, e na medida do grau de nosso aprendizado-conhecimento, revela-nos como
construtores, ou mero espectadores, de nossa história. Ou bem nos compreendemos
e nos identificamos, sem estereótipos, ou deixamo-nos arrastar por modelos e
nos massificamos, sem convicções.
Há que se “tecer
histórias” – retratos do passado; expressões do presente; imagens do futuro –
que, assim, significam, de modo claro e real, o contínuo empenho no não se
deixar estagnar, e desistir, mas propor-se sempre, apesar das adversidades, dos
cansaços, dos erros, “ao revestir-se” da força inquebrantável do amor, que é a
força da superação porque o amor é sempre êxtase, ou seja, impele-nos para fora
de nós, para a doação-encontro do eu com o nós, para o comprometimento
incansável na paulatina edificação do bem comum.
Eis porque somos seres
em movimento.
Tudo o que se movimenta,
necessariamente percorreu o que foi; percorre o que é; e percorrerá o que será.
Assim, precisa a
afirmação do Papa Francisco:
“O homem é um ente narrador, porque em devir: descobre-se e
enriquece-se com as tramas dos seus dias”.
Encerrando, proponho
esta pergunta: o que nos impede de, e então tornando às palavras do Papa
Francisco: “mergulhando dentro de nossas histórias, podermos voltar a encontrar
razões heróicas para enfrentar os desafios da vida?”.
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