“Quando se sacode a peneira, ficam nela só os refugos: assim
os defeitos da pessoa, na sua maneira de opinar. Como o forno prova os vasos do
oleiro, assim é a prova da tribulação para os justos. O fruto revela como foi
cultivada a árvore: assim a palavra que provém do pensamento do coração. Não
elogies a ninguém, antes de ouvi-lo falar: aí está a pedra de toque das
pessoas”. (Bíblia Sagrada – tradução da
CNBB – 2001 – pg. 917).
Eis o que escreveu Jesus
ben Sirac, no início do século 2º antes de Cristo, e que se põe no capítulo 27,
versículos 5 a 8, do Livro do Eclesiástico, que compõe a literatura sapiencial
do Antigo Testamento.
Escrito esse de Jesus ben
Sirac de notável atualidade.
Com efeito, o jornal
Correio Braziliense, na edição de ontem, domingo dia 3 de março, em manchete
“Onda de ódio da internet”, publicada na página 5, noticia:
“A morte do neto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
invadiu as redes sociais com manifestações de apoio e também com uma onda de
ódio. Internautas chegaram a comemorar a morte de Arthur, de apenas sete anos,
em comentários no Facebook e no Twitter. Uma blogueira chegou a escrever menos um corrupto para roubar o país.
Esse movimento de hasters ganhou força
na sexta-feira quando o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) se
manifestou contra a ida de Lula ao enterro do neto no cemitério Jardim da
Colina, em São Bernardo do Campo (SP). Ele classificou o pedido como absurdo e, além de chamar o
ex-presidente de larápio, afirmou
que ele aproveitaria o funeral posando
de coitado”. (matéria subscrita pelo repórter Bruno Santa Rita).
Sim, o falar revela quem
a pessoa é.
No que veiculado pela
mídia escrita, temos deputado federal, Eduardo Bolsonaro, filho do presidente
da República Jair Bolsonaro, destilando e propagando ódio insano.
Insano porque motiva
seja comemorada a morte de uma criança, como está dito na transcrição
jornalística retro.
Insano porque espezinha
a profunda dor de quem é avô e surpreendido é com morte súbita de neto.
Essa dor eu, avô,
experimentei quando minha neta, Maria Clara, também contando 7 anos de idade,
foi fatalmente vitimada em acidente automobilístico.
É tão cedo para dizer
adeus a vidas que estão no seu desabrochar e, portanto, nos encantariam pelo
hoje e pelo amanhã, que haveriam de viver...
A estúpida e cruel frase
de que o avô “larápio” aproveitaria
o funeral “posando de coitado” é o
refugo mais abjeto porque evidencia total falta de solidariedade humana,
absoluta ausência de compaixão.
Se a mediocridade,
nessas palavras estampadas, óbice se faz a gestos de grandeza, que se cale.
“O fruto revela como foi cultivada a árvore”, rememoremos a transcrição feita da
passagem do Livro do Eclesiástico.
Como são cultivadas
pessoas que dizem tamanha barbaridade? Em que ambiente crescem?
Certamente, trazem em si
mágoas, dores, frustrações profundas.
Quem sabe na infância,
na adolescência, na juventude e mesmo agora na idade adulta acalentassem o
sonho de crescerem num lar em paz, mesmo nas dificuldades do cotidiano, mas num
lar em paz porque o amor conseguiria ter a palavra final, que respeita, que
acolhe, que congrega, que incentiva, e não o comando autoritário, que tudo
amedronta e suprime, assim gerando a solidão, o rancor, a agressão, o desvario.
Considero, firmemente,
que também podemos nos valer do trecho lido do Livro do Eclesiástico para
ilustrar o lado extremamente negativo
das redes sociais.
Sacudidas, acontece, e
com notável frequência, à tona virem os
refugos que se mostram nas notícias falsas; na superficialidade gritante de
tantos conteúdos tratados e na covarde postura de deixar-se diluir na
formatação do pensamento uniforme.
Se, e com plena
sabedoria, está dito no Livro do Eclesiástico: “não elogies a ninguém antes de ouvi-lo falar”, atualizando esse
ensinamento é de se dizer: “não digites
nada, antes de tudo bem examinar”.
Às vésperas estamos da
Quaresma, tempo propício ao necessário recolhimento para a frutuosa decisão,
então que nos abramos à revisão do que e do como temos vivido para que sejamos
missionários do tempo que respeita, que acolhe, que congrega e que, portanto,
incentiva a prática do bem.
Grande Cláudio mais uma vez um pensamento para nos engrandecer espiritualmente me permita compartilhar esse seu pensamento para os meus próximos forte abraço Rogério
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