Algumas pessoas pedem-me expresse meu
posicionamento sobre o tema: eleições.
De plano, é fundamental que eleições
aconteçam. Elas propiciam o necessário conhecimento sobre a personalidade, o
compromisso, enfim o modo de ser, pessoal e comunitário, de quem se candidata,
apesar das imperfeições do processo eleitoral, traduzidas, dentre outras, no
excessivo número de partidos – bastar-nos-iam 3 ( três ) agremiações
partidárias: uma à esquerda; outra à direita e outra ao centro – excessivo
número que impede a distribuição equitativa do tempo destinado à propaganda
eleitoral e ao recebimento de valores monetários destinados ao fundo
partidário. Urge a adoção de cláusula de barreira, portanto.
Eleições ensejam o debate.
É certo que o debate muitas das vezes
apequena-se, faz-se medíocre e superficial, até cômico, mas que as pessoas
sempre possam se expressar, e jamais sejam caladas. Que aqueles que defendem
soluções autoritárias, ditatoriais, do pensamento uniforme, venham a público e
insiram-se no respeito à divergência. Aprendam que é no incessante dialogar que
os gestos tresloucados da violência vão, paulatinamente, definhando até que se
minimizem.
O Brasil, hoje e sempre, quer valores
humanistas. Valores humanistas assentam-se na dignidade da pessoa. A dignidade
da pessoa põe-se no abolir qualquer discriminação. Que não se discrimine o feto,
o recém- nascido, a criança, o jovem, o adulto e o idoso. Que a mulher esteja,
plenamente, lado a lado com o homem. Desapareça qualquer laivo de inferioridade
na relação mulher e homem no plano pessoal, no plano familiar e no plano
social. Que ninguém, ninguém mesmo, seja motivo de escárnio, ódio e
perseguição, por sua escolha no modo de ser e viver.
Que o acesso aos bens materiais,
intelectuais e culturais a todas e a todos se possibilite e, assim, cada uma e
cada um tenha, porque aptas e aptos foi-lhes franqueada, a oportunidade do
integral crescimento nas dimensões acima colocadas. Eis o sentido perfeito do
que seja educação. Educar é fazer extrair, ou seja, o educando não é marionete.
É educado justamente para que construa sua história, pessoal e coletivamente,
assumindo decisões conscientes, livres e fundamentais porque calcadas nos
valores maiores de competência, honestidade e seriedade voltados ao bem comum.
O povo, circunscrito ao vício da mera
e rápida informação, não é povo; é bando
amorfo, objeto de contínua manipulação.
Os valores humanistas, de que estou a
tratar, repudiam o corrupto e a corrupção.
O Papa Francisco, acertada e
precisamente, diz:
“É justamente esse triunfalismo, nascido de sentir-se medida de todo juízo, que lhe dá a
vaidade para rebaixar os outros à
sua medida triunfal. Explico: em um
ambiente de corrupção, uma pessoa corrupta não deixa crescer em liberdade. O
corrupto não conhece a fraternidade ou a amizade, só a cumplicidade. Para ele, não vale nem o amor aos inimigos nem a distinção
que está na base da antiga lei: ou amigo ou inimigo. Move-se nos parâmetros de cúmplice ou inimigo. Por exemplo, quando um corrupto está no exercício do poder,
implica sempre os outros em sua própria corrupção, rebaixa-os à sua medida e os faz cúmplices de sua opção de estilo. E isso em um ambiente que se
impõe por si mesmo em seu estilo de vitória, ambiente triunfalista, de pão e circo, com aparência de senso
comum no juízo das coisas e de sentido de viabilidade nas opções variadas.
Porque a corrupção implica esse ser
medida, por isso toda corrupção é proselitista”.
( leia-se: Corrupção e pecado: algumas reflexões a respeito da corrupção – pg.
32/33, grifos do original).
E, definitivo, acentua:
“A corrupção não é um
ato, e sim um estado, estado pessoal e social, no qual a pessoa se acostuma a
viver. Os valores ( ou desvalores ) da corrupção são integrados a uma verdadeira cultura, com capacidade
doutrinal, linguagem própria, modo de proceder peculiar. É uma cultura de pigmeização, que insiste em convocar adeptos para
rebaixá-los ao mesmo nível da cumplicidade admitida e corrupta. Essa
cultura tem um dinamismo duplo: de aparência e de realidade, de imanência e de
transcendência. A aparência não é o
surgir da realidade por veracidade, e sim a elaboração dessa realidade, para
que vá se impondo em uma aceitação social o mais geral possível. É uma cultura
do diminuir: diminui-se realidade em prol da aparência. A transcendência
vai ficando cada vez mais aquém, é
quase imanência, ou no máximo uma transcendência de botequim. O ser já não é custodiado, e sim maltratado por uma
espécie de desfaçatez pudica. Na cultura da corrupção, há muito de desfaçatez,
embora aparentemente o admitido no ambiente corrupto esteja fixado em normas severas de cunho
vitoriano. Como disse, é o culto aos
bons modos que encobrem os maus costumes. E essa cultura se impõe no
laissez-faire do triunfalismo cotidiano”. ( livro citado – pg. 39/40,
grifos do original e meus).
As eleições, que chegam,
bem podem servir para que, concretamente, iniciemos
processo de renovação política em nosso Brasil.
É, portanto,
indispensável que priorizemos novas pessoas.
Que não queiram
profissionalizar-se como políticos; que não queiram transformar a política em
espaço ocupado por familiares; e que repudiem a adoção das nefastas práticas do
compadrio e do nepotismo.
Novas pessoas que, com
propostas objetivas e claras, afastem-se das promessas mirabolantes e vazias,
meros artifícios sedutores na captação de votos.
Antes de votar, que conheçamos a história de vida da
candidata e do candidato.
É o que me ponho a
fazer, presentemente.
E para não ficar
restrito aos parâmetros, que neste artigo apresento, como disse escrito por
sugestão advinda de leitoras e leitores, mas posicionando-me, desde já, por
pessoa que considero preenche os requisitos que expus, submeto à consideração e
à análise de todas e de todos, o nome do Professor Marcelo Neves, candidato à
vaga de Senador pelo Distrito Federal.
Paz e
Bem.
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