Um homem, vestes brancas, semblante
decidido e alegre, percorre o mundo. Sua mensagem, sincera e honesta, porque é
expressão eloquente do seu agir, é de paz e solidariedade, principalmente com
os excluídos, com os postos à margem, desejando ardentemente a construção da
fraternidade universal.
Na Colômbia, ontem, sábado 9 de
setembro, na cidade de Medellín, marcada por ter sediado cartel de tráfico de
drogas, diante de cerca de um milhão de pessoas, esse homem, o Papa Francisco
ensina-nos:
“A liberdade de Jesus contrasta com a falta de liberdade dos doutores da
lei daquele tempo, que estavam paralisados por uma interpretação e prática
rigoristas da lei”. (trecho da homilia do Papa Francisco na celebração
eucarística em Medellín).
No Brasil, ontem, sábado 9 de
setembro, brasileiras e brasileiros mergulhavam em sentimentos embaralhados de
decepção, revolta, pessimismo em consequência das atitudes de nossos doutores
da lei, espalhados em cargos de elite, e de atitudes de empresários, de
visibilidade maior, que se consorciam e se consorciaram, anos a fio, em
reiteradas práticas de corruptores e de corruptos.
Não é bom, não é útil, que nos
deixemos dominar por tais sentimentos, ainda que compreensíveis.
Como reagir, então?
Retornemos à homilia do Papa
Francisco.
Ele nos propõe três (3) atitudes.
“Ir ao essencial” que, para ele, está em
“caminhar em profundidade rumo ao que conta e tem valor para a vida”. E
prossegue: “Jesus ensina que a relação com Deus não pode ser uma fria aderência
a normas e leis, nem o cumprimento de certos atos exteriores, que não conduzem
a uma mudança de vida”. (trecho da mencionada homilia).
“Renovar-se”
que acontece quando abandonamos nossas “comodidades e amarras”, as famosas
“zonas de conforto” e nos “pomos em saída”, sem medo, e também sem nos
jactarmos, mas no espaço de nossa presença familiar, laboral, de vizinhança,
dos círculos que frequentamos, nos conduzimos, concreta e objetivamente, em
comportamentos de cidadania ativa, que se traduzem na participação consciente e
vinculada à afirmação cotidiana e incessante dos valores da construção do bem
comum contra a maré da tecnocracia e do finalismo econômico-financeiro porque a
técnica e a economia hão de ser sempre consideradas como instrumentos à
realização do bem comum, jamais como objetivo primordial de exaltação de uns
poucos em detrimento de tantos desamparados e degradados em sua dignidade.
A dignidade humana não se concilia
com a segregação.
A dignidade humana deita raízes, e
assim se manifesta, na possibilidade de ser e de ter, na dimensão da
singularidade de cada um, pela oferta do que é próprio ao próximo, jamais pelo
apossamento exclusivista e excludente.
“Envolver-se”
é o terceiro passo que nos propõe o Papa Francisco.
Aqui, porque tão precisas, e
encerrando este artigo, suas próprias palavras, na mencionada homilia:
“A terceira palavra: envolver-se.
Envolver-se, ainda que para alguns
isso pareça sujar-se, manchar-se. Como David e seus homens que entraram no
templo porque tinham fome e os discípulos de Jesus entraram na seara e comeram
as espigas, também hoje nos é pedido que cresçamos em ousadia, numa coragem
evangélica que brota de saber que são muitos os que têm fome, fome de Deus,
fome de dignidade, porque dela foram despojados. E, como cristãos, ajudá-los a
saciar-se de Deus; não lhes dificultar nem proibir esse encontro. Não podemos
ser cristãos que levantam continuamente a bandeira de “Passagem Proibida”, nem
considerar que esta parcela é minha, apoderando-me de algo que absolutamente
não é meu”.
Paz e Bem.
Cláudio, irmão.
ResponderExcluirA gente sempre pensa que nada mais há para dizer. O que fazer,sim, é o quase tudo.
Obrigado pelo fazer e pensar diferente.
Professor Claudio
ResponderExcluirSaudo ao Sr. e sua família com carinho, Paz e Bem!
Seus ensinamentos nos ensinam sempre a ultrapassar a linha do gramado.
Sair do isolamento e fazer a diferença.
Obrigado muito!