Perguntas para final de domingo em
final de ano
Acabo de assistir Vinicius de Moraes
por suas músicas, tantas e belas, e trechos de entrevistas suas, no tempo, e me
pergunto por que a poesia, expressão do encanto e da dor, anda tão distante e,
quando chega, assume formas tão secas, quando não insossas?
Acabo de participar de missa, padre
Luiz e a comunidade paroquial, reflexão tão apropriada e sábia, que ele
enunciou sobre a formação da família; o encontro das gerações que disso
resulta; o suportar o outro não como fardo, mas como apoio certo, porque
confiável, eis que manifesta, concretamente, “o amor como vínculo da perfeição”;
o Estado-Herodes, assassino por ação, ou omissão, dos mais fracos, dos que não
contam porque representam estorvo, obstáculo à curtição ensandecida da
materialização dos costumes, ou porque significam o inútil, o empecilho à
produção e ao ganho, mais ainda, fonte de gastos incessantes no envelhecer, que
se arrasta, e me pergunto por que padre Luiz, que nos concita a nos posicionarmos
à luz da evangélica opção pela vida em abundância, não ficará mais entre nós,
retornando que está a outro local?
Acabo, ao acaso, de ver Dilma Roussef
na televisão em mais uma monótona aparição a desfilar a retórica da melhoria
econômico-financeira das famílias brasileiras, e me pergunto por que as
lideranças políticas são tão limitadas, incapazes de transcender o discurso das
realizações-inaugurações e nunca se posicionam honesta, clara e objetivamente
sobre o que, na verdade, importa: que
valores pautam o nosso ser como pessoa; a nossa convivência em família, na
vizinhança, na comunidade em que estamos inseridos, no País que construímos?
Como tornar concreta a vivência desses valores, calcados na solidariedade, no
respeito à divergência, na honestidade, na promoção da paz e do bem comum?
Acabo de retornar da simples e
pequena gruta, construída no jardim daqui de casa, refúgio meu ante S.
Francisco, que primo meu, artesão e franciscano de coração, como também eu
tento ser, fez-me chegar no dia 3 de outubro – o trânsito de S. Francisco – e
invadido por sentimento de paz, traduzo-o não em rancorosas, ou amargas, ou
agressivas palavras, que estou a escrever, mas em perguntas como a que estou
fazendo, e mais uma vez me pergunto por que as pessoas não tornam vivo,
existencial, o testemunho de S. Francisco? Por que gostam de citar passagens de
sua vida; aqui e acolá usam objetos de lembrança do poverello de Assis, mas tudo permanece no exterior, até mesmo suas
orações, então meramente faladas e repetidas, e as pessoas não praticam o que
S. Francisco praticou com a própria vida, cotidianamente?
Está para acabar mais um ano – 2013 –
e sobre ele, portanto, perguntas não mais me motivam, mas como novo ano aí está
– 2014 -, por um instante deixo de lado as perguntas e termino este texto com o
desejo – porque é o desejo que nos move,
nos faz viver – o desejo de que as perguntas, que fiz, a mim e a todos
vocês tenham respostas que nos façam verdadeiramente felizes.
Adorei o texto e agradeço pelas reflexões, Cláudio! Feliz ano novo a você e toda a família!
ResponderExcluirBeijo,
Cris
Adorei o texto e agradeço pelas reflexões, Cláudio! Feliz ano novo a você e toda a família!
ResponderExcluirBeijo,
Cris
Valeu, Cris:
ResponderExcluirOnde anda você para o vôlei? Tenha abençoado ano de 2014.
Paz e Bem,
Claudio.