“Nisso, um dos que estavam com Jesus estendeu a mão, puxou a
espada e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha. Jesus, porém,
lhe disse: Guarda a espada na bainha!
Pois todos os que usam a espada, pela espada morrerão”. (Mt 26, 51-52).
Assim o evangelista
Mateus narra episódio acontecido quando da prisão de Jesus no Monte das
Oliveiras.
Violência não conduz a
nada de positivo. Antes, degrada-nos, aviltando nossa condição humana.
“Pois todos os que usam a espada, pela espada morrerão”, ou seja, as pretensas soluções,
calcadas na violência, têm por fim a própria morte.
Compreende-se bem, por
esse evangélico ensinamento, porque as intervenções ditatoriais estão
condenadas ao fracasso; ao fim inexorável, ainda que perpassem décadas no
poder, décadas de enorme retrocesso porque todas as intervenções ditatoriais
aniquilam qualquer possibilidade humanista de promoção integral da mulher e do
homem, coisificados em objetos de tortura e morte, vez que tudo está
centralizado no paroxismo da segurança do Estado.
Com efeito, o
obscurantismo, o medo, o corruptível submeter-se ao autocrático comando
impregnam, declarada ou subrepticiamente, a convivência diária.
Não há mais valores
absolutos. Tudo se volatiliza. Ideais são desfeitos. A mística, o buscar
ultrapassar-se para o bem comum desaparece. Em seu lugar, herdeiros do arbítrio
são os manipuladores, os dançarinos gestuais de poses estudadas, que se afinam
com os arrogantes da excelência, e pronto: eis o cenário da perplexidade; da
desesperança; eis o terreno fértil para que surjam os pseudo salvadores da
pátria, da lei e da ordem, agora dotados de discursos, mas de discursos
carregados de preconceitos machistas e raciais.
Dissemina-se, também, a idolatria
do personagem único em polo oposto.
Atitude, por igual,
deletéria.
O verdadeiro líder não é
aquele que se faz em perene verdade pessoal.
Muito pelo contrário, o
verdadeiro líder não é o comandante inquestionável, mas o mensageiro que, justamente, por apresentar uma mensagem de que é
porta voz porque soube ouvir a tantas e a tantos, e não ditar uma ordem, propicia aos destinatários que também se
sintam encorajados, porque habilitados, a serem mensageiros, que lhe sucedam.
Iniciei esta reflexão
com palavras do evangelista Mateus.
Vou encerrar a reflexão
com palavras do Papa Francisco, sobre outro trecho do Evangelho de Mateus, mas
com plena pertinência ao aqui tratado, até porque se fazem, tais palavras, em
passos seguros e concretos que podemos, e devemos, dar para que não nos domine
inaceitável omissão.
“Não podemos escapar às palavras do Senhor, com base nas
quais seremos julgados: se demos de comer a quem tem fome e de beber a quem tem
sede; se acolhemos o estrangeiro e vestimos quem está nu; se reservamos tempo
para visitar quem está doente e preso (cf. Mt 25, 31-45). De igual modo
ser-nos-á perguntado se ajudamos a tirar a dúvida, que faz cair no medo e
muitas vezes é fonte de solidão; se fomos capazes de vencer a ignorância em que
vivem milhões de pessoas, sobretudo as crianças desprovidas da ajuda necessária
para se resgatarem da pobreza; se nos detivermos junto de quem está sozinho e
aflito; se perdoarmos a quem nos ofende e
rejeitamos todas as formas de ressentimento e ódio que levam à violência; se
tivermos paciência a exemplo de Deus que é tão paciente conosco; enfim se, na
oração, confiamos ao Senhor nossos irmãos e nossas irmãs. Em cada um destes mais pequeninos está presente o próprio
Cristo. A sua carne torna-se de modo visível como corpo martirizado, chagado,
flagelado, desnutrido, em fuga... a fim de ser reconhecido, tocado e assistido
cuidadosamente por nós. Não esqueçamos as palavras de São João da Cruz: Ao entardecer desta vida, examinar-nos-ão
no amor”. (leia-se a Bula Misericordiae Vultus – pg. 11).
Paz e Bem.
As vezes levanto a espada e sem querer desatento firo quem não quero. Uma ótima lição professor Dr. Fonteles.
ResponderExcluirObrigado por esta pertinente reflexão, meu irmão penitente, dr. Cláudio Fontelles.
ResponderExcluirMuita paz, Thiago
OFS/RJ
Eu também quis ser franciscana ,fui aluna do Colégio Santa Rosa de Lima em frente à nossa casa em Botafogo e fui tocada pelas irmãs progressistas ,aluna de DONA MADALENA FIÚZA ARRAES,meu melhor título e tive irmãs dominicanas que vieram lá do Araguaia do querido Casaldáliga....
ResponderExcluirFoi um prazer conhecer seu blog,Dr Cláudio....
Das Dominicanas ao PT/1979-1980 foi um pulo! Dona Madalena Arraes....adivinhe por que ela é ARRAES?Católica ativa??????????
Vou fazer 82...o tempo vôa....