Acabo de ouvir, não de meramente
escutar, que é tão superficial, acabo de ouvir Lucio Dalla, cantando Caruso.
É entardecer de domingo e, em torno e
por sobre mim, pássaros também estão cantando.
A música, quando bela e plena de
significado, une as criaturas entre si, e com o Criador.
Além de unir, a música,
encantando-nos, docemente conduz-nos ao infinito porque enquanto a ouvimos, o
sentimento que nos envolve é de que ultrapassamos os limites do tempo e do
espaço.
O mundo, hoje, está doente.
Doente porque enclausurado em poder
mais, possuir mais, prazer mais.
Essa voracidade quantificadora
estreita-nos.
Mulheres e homens medíocres, em todos
os quadrantes, porque a mediocridade é a expressão do superficial e do efêmero.
Agora, Ellis Regina e Tom Jobim, tão a
propósito, em “Águas de Março” e a narrativa do cotidiano humano com tudo
aquilo que o cerca.
Se é certo que as “Águas de Março
fecham o verão”, todavia nada se fecha para sempre porque há sempre “promessa
de vida no teu coração”.
É por aí: nós todos, mulheres e
homens, somos “promessa de vida” e, por isso, existimos.
Não existimos para nos dissolvermos,
nos consumirmos, nos metamorfosearmos.
Não existimos para sermos reduzidos a
objetos de manipulação posta em esquemas montados, tão pouco para nos
travestirmos em cenários coisificados a provocar estardalhaços, nem para nos
reduzirmos a caricaturas inexpressivas da produção midiática.
Existimos, por isso que somos, para
que o amanhã já se perceba, hoje. Portanto, para que o futuro não se faça
longínquo, mas germine no presente, e construamos nossa história,
incessantemente.
Não há o fim da história enquanto
vida houver.
É o que se chama: esperança.
Esperança não é, passivamente,
aguardar. Também não é, passivamente, desejar.
Esperança, porque é “promessa de vida
no teu coração” é compromisso real, concreto, verdadeiro que nos dá sentido e,
nos dando sentido, nos faz viver. Viver, portanto, é fazer sentido.
Faço sentido, então, mantendo-me
íntegro no que sou e no que faço e, na integridade do que sou e do que faço,
lugar não há para concessões utilitaristas, nem de fuga.
Anoitece. O sol se põe e acontece o
silêncio onde estou, mas a harmonia da música, essa, permanece.
A musica é elemento fundamental na educação.É vibração pura, é harmonia.
ResponderExcluirObrigado Dr. Fonteles.