Quinze anos de idade, 1º ano do
antigo curso Clássico, curso esse com ênfase à área de humanidades – filosofia,
história, sociologia, literatura –, jogando futebol e voleibol e, ávido de
conhecimento, lendo muito.
Despertando, assim, para a realidade
de meu País, o Brasil, com tantas injustiças sociais. Engajando-me, assim, com
entusiasmo e consciência na luta pelas reformas de base, ênfase à educacional.
Não à dependência externa. Ampliar a
nascente cultura brasileira, expressão eloquente do cinema novo, da música
popular brasileira, do teatro Opinião; enraizar a economia brasileira,
dignificar a política brasileira.
Coração de estudante palpitando forte
na crença de tempo novo, caracterizado pelo fim da miséria, do analfabetismo,
do precário sistema de saúde, do Brasil para os brasileiros: “yankees go home”.
1964!
Dezessete anos de idade, 3º ano do
antigo curso Clássico, vestibular à porta, escolha pelo curso de Direito, desde
então mirando o Ministério Público, exemplo paterno, vocação para o social,
para o envolvimento comunitário, assim diminuir as injustiças sociais.
1964!
Golpe de Estado: tropas militares nas
ruas e daí espraiam-se: lares invadidos e desrespeitados, Parlamento fechado,
Poder Judiciário sem poder algum, manietado; prisões arbitrárias, torturas,
desaparecimentos, assassinatos. Agentes públicos, deturpados e desvairados,
alimentam-se inclemente e insaciavelmente de tantos corações de estudantes,
professores, operários, camponeses, bancários, jornalistas, religiosos,
indígenas, advogados, promotores, juízes, políticos, militares e suas vozes, e
de tantas e tantos outros profissionais emudecem, porque mortos; calam-se,
porque aprisionados.
O tempo. O tempo, que corre, é a
esperança real de todos quantos, apesar dos pesares, não desistem de seus
ideais de juventude e resistem a cada dia, a cada aflição cotidiana enquanto
perduram as trevas. O tempo desmascara a ilusão do ditador de que é detentor da
verdade absoluta, por isso que imutável e perene.
Como, magnificamente, disse o Papa
Francisco não há verdade absoluta porque
ab-solutus do latim significa “o que é solto”; “desconexo”; “separado”;
“privado de qualquer relação”. Ora, a verdade é sempre relacional, se expressa
e, portanto, assim se faz conhecida no processo de amar a Deus, às irmãs e
irmãos, e a todas as criaturas.
O ditador não se relaciona a não ser,
equivocadamente, na uniformidade. Não tolera a divergência, exercício perene para
o encontro sempre possível.
2014!
Cinquenta anos, depois.
Tenho sessenta e sete anos de idade,
mas os quinze anos pulsam, estão presentes, enriquecidos e alargados pelo
aprendizado do viver, e comprometido permaneço em combater – esse sim o bom
combate – as injustiças sociais a que se concretamente promova, aqui e sempre,
a dignidade da pessoa em toda a sua integralidade e por todo o tempo em que
viver.
Um comentário:
Olá querido professor;
Boa tarde
Será que o senhor ´poderia visitar a Paróquia S. Mateus em Sobradinho para uma palestra a respeito deste tema: Ideologia de Gênero.
Meu nome é Diácono Ubiracildo
Tel. 8400-0758
Gostaria se fosse possível a sua digníssima presença.
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