Em plena adolescência, tempo
caracterizado por ser tempo de mudanças, pois a criança, que se é em
dependência total dos pais, passa a indicar, e mesmo assumir, gestos, ações e comportamentos
próprios, sinais evidentes de salutar independência à formação da mulher e do
homem, que se espera, mas ainda tão necessitada de diálogo e de afeto, jamais
de “jogos de guerra”. Em tempo assim tão favorável, menino-jovem de 13 anos
assassina os pais, avó e tia, e também extingue-se em suicídio.
Em pleno vigor democrático, tantas e
tantos de sucessivas gerações vão às ruas e expressam em movimentação
espontânea e sincera o inconformismo ante o estado de coisas a caracterizar a
república brasileira como dissociada da vontade popular porque corrupta, com os
poderes alicerçados na barganha; no perpetuar-se, a qualquer preço, no governar
em escancarado jogo de interesses escusos, expulsas que estão do convívio cidadão a ética
e a justiça. Em tempo assim tão favorável, o que se tem hoje são pequenos
bandos, aqui e acolá, encapuzados e desvairados na correria e rastro alucinados
do destruir, por destruir, quem sabe assim a chamar atenção da voz de governo
que, quando se fez ouvir, o fez por forma tíbia, genérica e desperdiçou
possibilidades significativas no quadro da democracia participativa.
Em pleno debate jurídico, compromisso
de quem se fez julgador para com simplicidade, objetividade e concreto serviço
ao bem comum, pela definição e afirmação de valores, que diuturna e
paulatinamente dão forma e vida à sociedade humanista, que respeita a
divergência e com ela habita, pacificamente; que acolhe, e se empenha para que
a exclusão social não mais aconteça; que aos olhos da lei e das decisões
judiciais todas e todos tenham tratamento igual, sem distinção de classes e
opções políticas. Em tempo assim tão favorável, caprichos e vaidades
perpetuam-se em decisões longas, fastidiosas e prolixas tão distantes da
compreensão do significado do ato de decidir não como ato de egocêntrica
imposição, mas de ensinar a conviver.
Tempos, assim, tão favoráveis, por
favor, não deixemos que escoem por entre nossos dedos.
Tempos, assim, tão favoráveis,
pedem-nos conversão de rumos a partir de mudanças reais em nossas atitudes e em
nosso viver, não importando o quanto já tenhamos vivido. Afinal, somos
independentes e, por isso, o tempo não nos é dado para nos aprisionar, mas para
descobrir, sempre, o que, verdadeiramente, podemos ser.
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